25.8.09

O que é viver afinal?


A pobreza, o não saber levar a vida pelo lado correcto, as drogas e os vícios.
Pois bem, a minha cabecinha hoje andou a matutar sobre todos estes tópicos que vos acabei de dizer. E porquê Joana? Por que raio é que te lembraste de pensar nisso? Perguntam vocês.
E eu explico. Hoje, estava eu no Porto, mais precisamente no Centro Comercial Via Catarina. Era hora de almoço e estava com a minha família à espera da paparoca, quando, vinda do nada, chega uma senhora perto de nós, totalmente desesperada.
A senhora aparentava ter uns 50 anos, mas creio que a sua idade não era bem essa, a vida é que a foi desgastando, a sujidade, o pó do chão onde provavelmente mora ou mesmo o fumo dos carros. A senhor era de extrema magreza, vestia roupas velhas e largas que nos permitia contemplar um corpo faminto, um peito ressequido, trazia as mão sujas e vazias em todos os sentidos que esta palavra pode tomar. Implorava-nos que não lhe negássemos uma sopa, que era a única coisa que queria. Os seus olhos esbugalhados, brilhantes mostrando o desespero, os lábios rompidos e os dentes totalmente danificados, sem falar no cabelo.. estendia-nos as mão e mais uma vez implorava. Eu, de olhos aguados nem reagi, fiquei ávida e serena, vendo aquela desgraçada mulher, imaginando o que por detrás daquilo existia, o porquê de ela ter aquela vida ingrata e de sofrimento. Os meus pais sem moedas ofereceram-lhe a tal sopa que ela tanto pedia e ela não quis ir comprá-la e isso admirou-me. Aquela mulher, esfomeada, aflita, em busca de algo para comer, recusou que fossemos com ela comprar uma sopa? Como é isto possível?
Pois bem, é esta a realidade nos nossos tempos. Aquela mulher tinha fome dum outro vício que não o de comer. Aquela mulher procurava dinheiro para sustentar um vício que a pôs naquele estado, que a levou para a rua, que a destrói e mata a cada dia que passa. Mas aquela mulher já não se consegue soltar. Ela já nem de comida quer saber.. Como é isto possível?
Gostava de a puder ajudar, mas pelos vistos ela já não quer ajuda. Gostava de a conhecer, de a compreender, de a tirar daquele sítio, mas que posso eu fazer?
E não é um, não são dois, são milhões de pessoa nesta situação..

Aii que pensar dá que falar...
Hoje andei nisto. Num sentimento de incapacidade e impossibilidade de ajudar e salvar alguém que já não quer ser salvo e que se auto-destrói com as escolhas que toma.
É este o país que temos. É nestes que o senhor Sócrates devia pensar. São estes que precisam de ajuda.
As pessoas passam pelas ruas alheias a estas pessoas, alheias a estas vivências, alheias à dor daqueles que sofrem por não terem uma mão que os levante, alheias àqueles que são mal tratados pela vida e pela sociedade.
Para estes, o que é viver afinal?

3 comentários:

Lia disse...

esta fez-me lembrar uma historia de um arrumador... tinha eu acabado de tirar a carta de condução e um arrumador estava a indicar-me como estacionar. Com os nervos demorei mais tempo do que o normal e ele foi super calmo e explicou-me tudo o que devia fazer c mta paciencia. qd finalmente acabei de estacionar agradeci-lhe a paciencia e ele mostrou-me a carta de condução dele: tinhas todas as categorias! não percebo como é que dp chegou aquele estado..fez-me mta confusao!
mas se as pessoas n querem ser ajudadas n podemos fazer mto, né?

S* disse...

Não sei... Acho extremamente cruel e desumano a vida que alguns levam.

Mia disse...

É cruel.
Muitas vezes as pessoas seguem caminhos que já não têm regresso. É muito triste ver ao ponto em que chegam :(

beijinho